DISTRIBUIÇÃO DA COINFECÇÃO TUBERCULOSE/HIV NA POPULAÇÃO INDÍGENA DO BRASIL: ESTUDO ECOLÓGICO COM ANÁLISE ESTATÍSTICA
Palavras-chave:
Epidemiologia, Tuberculose, HIV, População IndígenaResumo
INTRODUÇÃO: A coinfecção por tuberculose (TB) e HIV persiste como um desafio crítico à saúde pública, principalmente em países subdesenvolvidos. No Brasil, a realidade epidemiológica reflete disparidades marcantes na distribuição regional da TB e do HIV. OBJETIVO: Descrever o perfil epidemiológico de coinfecção por Tuberculose e HIV em pessoas indígenas, analisando dados por regiões geográficas brasileiras, faixa etária, tipo de entrada e situação de encerramento entre os anos de 2015 e 2024. METODOLOGIA: Trata-se de estudo transversal, ecológico e descritivo, com dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) sobre coinfecção por TB e HIV em indígenas no Brasil, entre 2015 e 2024. Foram analisadas faixa etária, tipo de entrada e situação de encerramento, expressas em frequências absolutas e relativas. A análise estatística foi realizada pelo cálculo de Odds Ratio (OR) com IC95%, utilizando Python. Por se tratar de dados públicos, não foi necessária aprovação pelo Comitê de Ética. RESULTADOS: Foram confirmados 348 casos de coinfecção TB/HIV em indígenas entre 2015 e 2024. A maior concentração ocorreu no Norte (31%) e Nordeste (26%), com predomínio em adultos de 20 a 59 anos (87%). Quanto ao tipo de entrada, 72% foram casos novos, 7% recidivas e 14% reingressos; Sul (OR=1,50) e Sudeste (OR=1,29) apresentaram maior chance de entrada por outros tipos que não casos novos. A categoria mais frequente de encerramento foi cura (39%), com maior chance no Centro-Oeste (OR=1,70). O abandono ocorreu em 17% dos casos, mais frequente no Sudeste e Nordeste (ORs=2,58 e 1,56, respectivamente), e óbitos corresponderam a 16%, com chance mais elevada no Norte (OR=2,46). DISCUSSÃO: Os dados evidenciam desigualdade regional e vulnerabilidade da população indígena, com predomínio em adultos jovens e manutenção de transmissão ativa da TB. As taxas de abandono e óbitos refletem fragilidades no acesso e no seguimento clínico, reforçando que fatores estruturais, culturais e de acesso continuam determinantes nesse contexto. CONCLUSÕES: Conclui-se que a coinfecção TB/HIV em indígenas evidencia desigualdades regionais e desafios de adesão ao tratamento, exigindo ações direcionadas que promovam maior equidade e efetividade no cuidado.
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Referências
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