FATORES ASSOCIADOS AO ADOECIMENTO MENTAL EM ESTUDANTES DE MEDICINA NO BRASIL NO CENÁRIO PÓS-PANDÊMICO: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

Autores

Palavras-chave:

Saúde Mental, Ansiedade, Depressão

Resumo

INTRODUÇÃO: O adoecimento mental em estudantes de medicina é um problema de saúde pública historicamente associado a estressores como a alta carga acadêmica e a pressão por desempenho. Contudo, a pandemia de COVID-19 reconfigurou este panorama, não apenas exacerbando fatores preexistentes, introduzindo novos desafios que persistem. A transição para o ensino remoto, a interrupção de estágios e o isolamento social geraram um impacto na formação e no bem-estar discente. Portanto, torna-se crucial analisar a produção científica recente para identificar as mudanças no perfil dos fatores de risco, compreendendo quais são as variáveis que contribuem para o adoecimento mental nesta população. OBJETIVO: Identificar e analisar os principais fatores associados ao adoecimento mental em estudantes de medicina no Brasil, por meio de uma revisão integrativa da literatura publicada no período pós-pandêmico. METODOLOGIA: Foi realizada uma revisão integrativa da literatura, seguindo as diretrizes PRISMA. As buscas foram conduzidas nas bases LILACS, SciELO e PubMed, com a seguinte estratégia: "Mental Health" OR "Anxiety" OR "Depression" AND "Students, Medical" AND Brazil. Foram incluídos estudos publicados entre janeiro de 2022 e setembro de 2025, que investigaram fatores associados a desfechos de saúde mental por meio de instrumentos validados. Foram excluídos editoriais e artigos que focavam exclusivamente na prevalência. A seleção e a extração dos dados foram realizadas por dois revisores independentes. RESULTADOS e DISCUSSÃO: A busca inicial retornou 103 artigos, dos quais 12 foram incluídos na síntese qualitativa final após aplicação dos critérios de elegibilidade. A análise dos estudos permitiu categorizar os fatores de risco em dois grupos principais: (1) Fatores Acadêmicos Tradicionais, como a sobrecarga curricular e a competitividade; e (2) Fatores Pós-Pandêmicos Emergentes. Neste segundo grupo, destacaram-se a insegurança percebida em relação às competências clínicas devido às lacunas na formação prática durante a pandemia, a ansiedade relacionada à necessidade de recuperação de conteúdo e a dificuldade de readaptação às atividades acadêmicas presenciais. Fatores externos, como instabilidade financeira e o luto familiar, também foram apontados como determinantes significativos. Isso evidencia que as estratégias de apoio à saúde mental nas escolas médicas precisam ser atualizadas para abordar especificamente esses novos desafios, que vão além das questões curriculares tradicionais. CONCLUSÕES: O cenário pós-pandêmico alterou e ampliou o espectro de fatores associados ao adoecimento mental de estudantes de medicina no Brasil. A identificação de estressores emergentes, como a insegurança com habilidades práticas e o impacto do luto, fornece um mapa crucial para que as instituições de ensino desenvolvam intervenções mais direcionadas e eficazes, promovendo um ambiente formativo que seja verdadeiramente protetivo à saúde mental discente.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Caio Victor Fernandes de Oliveira, IFMSA Brazil EMCM

    https://orcid.org/0000-0001-5665-2305

  • Ingrid Emmanuelly Rodrigues Sousa, IFMSA Brazil EMCM

    https://orcid.org/0009-0007-0537-8685

  • Nilton Jorge Gomes de Figueiredo Filho, IFMSA Brazil EMCM

    https://orcid.org/0009-0007-7586-6289

  • Heverly Dayane da Silva Santos, IFMSA Brazil EMCM

    https://orcid.org/0009-0002-2383-5310

  • Mateus Dantas Monteiro Formiga, IFMSA Brazil EMCM

    https://orcid.org/0009-0003-7582-1866

  • Lorena Sheila Alves de Oliveira, IFMSA Brazil EMCM

    https://orcid.org/0009-0009-2976-4673

  • Mariana Melo de Paula, IFMSA Brazil EMCM

    https://orcid.org/0000-0002-7810-5297

  • Maria Clara Batista de Oliveira Medeiros, IFMSA Brazil EMCM

    https://orcid.org/0009-0004-0039-705X

Referências

1. NEVES, V. V. et al. Easing the burden: a pilot study on the impact of mindfulness on the mental health of Brazilian medical students. BMC Medical Education, v. 25, n. 1, art. 1136, 2025. DOI: https://doi.org/10.1186/s12909-025-07726-2.

2. SANTIAGO, I. S. et al. Stress and exhaustion among medical students: a prospective longitudinal study on the impact of the assessment period on medical education. BMC Medical Education, v. 24, art. 5617, 2024. DOI: https://doi.org/10.1186/s12909-024-05617-6.

3. PEREIRA, M. B. et al. Mental health of medical students before and during the COVID-19 pandemic. Medical Science Educator, v. 32, p. 1019-1028, 2022. DOI: https://doi.org/10.1007/s40670-022-01580-3.

4. RESENDE, M. S. de et al. Impact of medical school on quality of life and mental health of Brazilian students. BMC Psychology, v. 13, art. 288, 2025. DOI: https://doi.org/10.1186/s40359-025-02173-9.

5. SARTORÃO, A. L. V.; SARTORÃO-FILHO, C. I. Anxiety and depression disorders in undergraduate medical students during the COVID-19 pandemic: an integrative literature review. International Journal of Environmental Research and Public Health, v. 21, n. 12, art. 1620, 2024. DOI: https://doi.org/10.3390/ijerph21121620.

6. FARO, A.; NUNES, D. A. Depressive symptomatology in Brazil: evidence from PHQ-9 validity. Frontiers in Psychology, v. 16, art. 1440054, 2025. DOI: https://doi.org/10.3389/fpsyg.2025.1440054.

7. RUFINO, J. V. et al. Analysis of the dimensional structure of the Patient Health Questionnaire-9 in undergraduate students at a public university in Brazil. Journal of Affective Disorders, v. 353, p. 147-155, 2024. DOI: https://doi.org/10.1016/j.jad.2024.01.051.

8. CARRARD, V. C. et al. Mental health and burnout during medical school: a longitudinal cohort study. PLoS ONE, v. 19, n. 2, e0300123, 2024. DOI: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0300123.

9. DI SANTI, T. et al. Measuring mental health in 2 Brazilian university centers: protocol for a multicenter study. JMIR Research Protocols, v. 14, n. 1, e63636, 2025. DOI: https://doi.org/10.2196/63636.

10. SANTOS, I. S. et al. Study of the discriminative validity of the PHQ-9 and PHQ-2 in a sample of Brazilian women in the context of primary health care. International Journal of Methods in Psychiatric Research, v. 22, n. 2, p. 188-197, 2013. DOI: https://doi.org/10.1002/mpr.1389.

11. SILVA, D. A. S. et al. Associations between anxiety disorders and depression symptoms related to 24-hour movement behaviors among Brazilian adolescents. Journal of Affective Disorders, v. 338, p. 31-38, 2023. DOI: https://doi.org/10.1016/j.jad.2023.07.014.

12. CALDARARO, D. C. et al. Participating as a research team during the COVID-19 pandemic benefits mental health of undergraduate medical students in Brazil. Psychology, Health & Medicine, v. 28, n. 9, p. 2013-2022, 2023. DOI: https://doi.org/10.1080/13548506.2022.2147894.

Publicado

2025-12-08

Como Citar

FATORES ASSOCIADOS AO ADOECIMENTO MENTAL EM ESTUDANTES DE MEDICINA NO BRASIL NO CENÁRIO PÓS-PANDÊMICO: UMA REVISÃO INTEGRATIVA. (2025). Anais Do Momento Científico Da IFMSA Brazil, 63(2). https://revistas.ifmsabrazil.org/eventos/article/view/1366