USO DE TOXINA BOTULÍNICA NO TRATAMENTO DE ENXAQUECA
Palavras-chave:
Migrânea, Toxinas Botulínicas Tipo A, Enxaqueca ClássicaResumo
INTRODUÇÃO: A enxaqueca é uma cefaleia primária crônica e uma das principais causas de incapacidade em adultos. Esse distúrbio neurológico impacta a qualidade de vida e gera custos sociais e econômicos devido à redução de produtividade e comprometimento nas atividades cotidianas. A patogênese da enxaqueca é complexa e multifatorial, envolvendo predisposição genética, citocinas pró-inflamatórias, células imunes, alterações neuronais e fatores ambientais. Como alternativa moderna de tratamento, destaca-se a aplicação de onabotulinumtoxina A (BoNT-A), uma neurotoxina capaz de reduzir a liberação de neurotransmissores e neuropeptídeos relacionados à dor, além de modular a atividade do sistema nervoso central. OBJETIVOS: Explorar o uso da BoNT-A no tratamento da enxaqueca. METODOLOGIA: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, realizada a partir de artigos publicados nas bases de dados científicas PubMed, SciELO e Google Scholar. Foram utilizados os descritores “enxaqueca”, “toxina botulínica tipo A” e “tratamento” em português e inglês. Foram incluídos estudos publicados entre 1997 e 2025, que abordassem a eficácia, segurança e impacto da BoNT-A no manejo da enxaqueca. Critérios de exclusão envolveram artigos duplicados, estudos sem disponibilidade de texto completo e aqueles que não apresentavam resultados relacionados diretamente ao tratamento com BoNT-A. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Foram encontrados 240 artigos e selecionados 5. A análise dos estudos selecionados demonstrou que a aplicação da BoNT-A apresenta resultados consistentes na redução da frequência e intensidade das crises em pacientes com enxaqueca crônica. Ensaios clínicos randomizados, como o protocolo PREEMPT, mostraram que a toxina promove redução significativa no número de dias com dor por mês, além de melhora na qualidade de vida e menor uso de medicação de resgate. Estudos recentes apontam benefícios no manejo da enxaqueca vestibular, ampliando suas indicações. O perfil de segurança da BoNT-A mostrou-se favorável, com eventos adversos leves e transitórios, como dor no local da aplicação, fraqueza muscular local e rigidez cervical. Ainda, a BoNT-A apresenta menor taxa de efeitos colaterais sistêmicos, o que favorece sua adesão. Em relação ao impacto econômico e social, apesar do custo inicial mais elevado, a toxina botulínica mostrou-se custo-efetiva a longo prazo, considerando a redução de absenteísmo, aumento da produtividade e menor uso de medicações. CONCLUSÃO: A toxina botulínica consolidou-se como uma importante ferramenta terapêutica para pacientes com enxaqueca crônica refratária, apresentando eficácia na redução da frequência, intensidade das crises e melhora da qualidade de vida. Sua utilização deve ser cuidadosamente indicada, considerando a necessidade de reaplicações periódicas, custos envolvidos e seleção adequada dos pacientes. Estudos futuros ainda são necessários para ampliar as evidências e otimizar suas indicações clínicas.
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Referências
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