ESTIGMA E IMPACTOS PSICOSSOCIAIS DA HANSENÍASE: UM ESTUDO DE 2015 A 2024
Palavras-chave:
Hanseníase, Estigma Social, Inclusão SocialResumo
INTRODUÇÃO: A hanseníase é uma doença infecciosa crônica que acomete pele e nervos periféricos, podendo gerar incapacidades físicas quando não diagnosticada precocemente. Sua transmissão ocorre por via aérea em contato próximo e prolongado com indivíduos não tratados. Além dos aspectos clínicos, carrega um estigma histórico que repercute na vida social, psicológica e econômica dos acometidos, favorecendo sentimentos de vergonha, isolamento, depressão e ansiedade. Compreender esses impactos é essencial para subsidiar políticas públicas, promover inclusão social e garantir cuidado integral. OBJETIVO: Analisar o estigma social associado à hanseníase e compreender seus reflexos na qualidade de vida, investigando os impactos psicossociais no contexto familiar, comunitário e laboral. METODOLOGIA: Trata-se de revisão integrativa da literatura, realizada em bases de dados como SciELO, PubMed e DATASUS, incluindo publicações entre 2020 e 2024 em português e inglês. Foram selecionados trabalhos que abordaram o estigma e os impactos psicossociais da hanseníase, excluindo duplicatas e estudos sem relação com o tema. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Entre 2015 e 2024, foram notificados no Brasil mais de 280 mil casos de hanseníase, com redução significativa em 2020 possivelmente associada à pandemia e ao menor acesso aos serviços de saúde. Houve maior prevalência em adultos, mas também registros em menores de 15 anos, indicando transmissão ativa recente. Casos em gestantes mostraram-se relevantes, com distribuição entre todos os trimestres. Observou-se predominância em pessoas pardas, com baixa escolaridade e residentes principalmente no Nordeste e Norte do país. Os achados evidenciam que o estigma da hanseníase se manifesta em diferentes níveis. No comunitário, traduz-se em medo do contágio, exclusão social e preconceito no ambiente de trabalho. No institucional, surge por práticas discriminatórias nos serviços de saúde, dificultando o acolhimento e desestimulando a adesão ao tratamento. No nível individual, o autoestigma gera sentimentos de culpa e autodesvalorização, agravando sofrimento psicológico. Essa realidade contribui para o diagnóstico tardio e para maior risco de sequelas físicas, o que, por sua vez, retroalimenta a estigmatização. Apesar dos impactos negativos, fatores de resiliência como suporte familiar, grupos de apoio e acolhimento comunitário podem favorecer a superação do estigma e a reinserção social. CONCLUSÃO: O estigma relacionado à hanseníase compromete de forma significativa a saúde mental, social e econômica dos indivíduos, indo além das manifestações clínicas. O enfrentamento desse fenômeno exige ações integradas, com capacitação de profissionais, inclusão de suporte psicossocial no cuidado e fortalecimento de campanhas educativas para desestigmatizar a doença. São necessárias ainda pesquisas consistentes que aprofundem a compreensão dos impactos psicossociais em diferentes contextos.
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Referências
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