SARCOMA DE KAPOSI NO BRASIL: O QUE DIZEM OS DADOS DO SUS?
Palavras-chave:
Sarcoma de Kaposi, Epidemiologia, NeoplasiaResumo
INTRODUÇÃO: O herpesvírus humano-8 (HHV-8) é capaz de modular a inflamação e induzir angiogênese, sobretudo em imunocomprometidos, o que pode levar ao Sarcoma de Kaposi (SK). O SK caracteriza-se por lesões violáceas, tipicamente como nódulos roxos ou manchas na pele, também afeta o trato gastrointestinal, pulmão, mucosa orofaríngea e linfonodos, apresentando altas taxas de mortalidade, sendo um câncer raro e agressivo. OBJETIVO: Analisar a epidemiologia e as abordagens terapêuticas do Sarcoma de Kaposi no Brasil, com base em dados secundários do DATASUS. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo epidemiológico e quantitativo realizado com dados do PAINEL de oncologia, disponível no DATASUS, com análise do Sarcoma de Kaposi no Brasil entre 2020 e 2024. As variáveis sexo, faixa etária, residência, região e tempo de tratamento e modalidade terapêutica foram analisadas a partir do software Jamovi, com o teste Qui-quadrado. Realizou-se uma revisão bibliográfica na base de dados MEDLINE/PubMed, com ensaios clínicos randomizados e metanálises dos últimos cinco anos sobre epidemiologia e modalidades terapêuticas. RESULTADOS e DISCUSSÃO: Foram registrados 1.435 casos de Sarcoma de Kaposi (SK) no Brasil entre os anos de 2020-2024. Sendo predominantes, o sexo masculino (71,1%), a faixa etária de 25-39 anos (20,3%), a região sudeste (23,6%) e a modalidade terapêutica mais registrada foi a quimioterapia (52,3%), com a maioria dos pacientes recebendo tratamento por mais de 60 dias. Esses dados estão alinhados com o que a literatura científica aponta sobre a doença: uma forte associação com o vírus HIV/AIDS. A predominância de casos em homens pode ser parcialmente explicada por uma predisposição maior à infecção por HHV-8. Foi observada uma associação estatisticamente significativa (p<0.001) entre as variáveis sexo, idade, modalidades terapêuticas e o tempo de tratamento. A escolha da quimioterapia como principal tratamento sugere que os casos do DATASUS representam estágios mais avançados da doença. O uso da cirurgia foi raro, o que é consistente com as diretrizes de tratamento, já que a excisão cirúrgica é mais indicada para lesões localizadas e em estágios iniciais, principalmente em pacientes sem infecção por HIV. As questões referentes ao tratamento podem incluir também a relevância de terapias antivirais, como o valganciclovir, para controlar a replicação do HHV-8, o que se mostrou promissor na redução da mortalidade em pacientes com SK pulmonar, conforme demonstrado em estudos clínicos. CONCLUSÕES: O presente estudo evidencia que o perfil epidemiologia dos brasileiros acometidos pelo SK é em sua maioria composto por indivíduos do sexo masculino na faixa etária dos 20 aos 39 anos, demonstra ainda a importância de políticas públicas empenhadas em promover o diagnóstico precoce do Sarcoma de Kaposi, a ampliação do acesso a terapias combinadas, além da quimioterapia no âmbito do SUS, a fim de melhorar a qualidade de vida dos pacientes acometidos por tal patologia.
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Referências
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