FATORES GENÉTICOS ASSOCIADOS A CARDIOMIOPATIA HIPERTRÓFICA
Palavras-chave:
Genética, Sarcômero, Cardiomiopatia HipertróficaResumo
INTRODUÇÃO: A cardiomiopatia hipertrófica (CMH) consiste em hipertrofia ventricular esquerda na ausência de sobrecarga hemodinâmica e caracteriza-se como a cardiopatia hereditária mais prevalente, com incidência estimada entre 1:200 e 1:500 indivíduos. A heterogeneidade genética e clínica da CMH destaca-se por penetrância variável, expressividade diversa e influência de fatores ambientais e epigenéticos, levando a manifestações que vão de portadores assintomáticos até insuficiência cardíaca grave e morte súbita, principalmente em jovens e atletas. Portanto, o estudo dos fatores genéticos associados à CMH é essencial para aprimorar o rastreamento familiar, prognóstico e desenvolvimento de terapias direcionadas. OBJETIVO: Investigar os fatores genéticos da CMH, identificando os principais genes associados para compreensão de sua influência na variabilidade fenotípica da doença. METODOLOGIA: Trata-se de revisão integrativa da literatura realizada entre janeiro de 2021 e setembro de 2025 nas bases PubMed, SciELO e LILACS. Foram identificados 125 artigos, dos quais 78 foram excluídos por não atenderem ao tema e 33 por duplicidade ou indisponibilidade, resultando em 11 artigos incluídos. A seleção ocorreu em etapas, com leitura de títulos, resumos e textos completos, e os dados extraídos foram sintetizados de forma crítica, destacando os genes mais frequentemente associados à CMH e suas correlações fenotípicas. RESULTADOS e DISCUSSÃO: Os trabalhos mostraram que MYH7 e MYBPC3 são as proteínas mais frequentemente mutadas, enquanto ACTC1, complexo de troponina (TNNT2, TNNI3 e TNNC1) e TPM1 são mutadas em cerca de 5% dos pacientes. Proteínas das linhas Z e M são causas raras de CMH. Um artigo reforçou associação definitiva com TNNC1 e fortes associações com TRIM62 e ALPK3. Outro estudo mostrou que pacientes com mutações no gene MYBPC3 eram mais velhos, predominantemente do sexo masculino e mais propensos a ter cardiodesfibriladores implantáveis (CDIs) em comparação com aqueles com mutações em MYH7. Um trabalho mostrou tendência a menor espessura máxima da parede do ventrículo esquerdo, mas maior risco arrítmico em TNNT2, fisiologia restritiva em TNNI3, penetrância tardia em MYBPC3 em comparação com MYH7 e maior incidência de fibrilação atrial com MYH7. Variantes de sarcômero de baixa penetrância, como MYBPC3 c.442G>A e TNNT2 c.832C>T foram novidades relatadas, com efeitos em mecanismos de ganho de junção parcial e contratilidade. Outros artigos trouxeram correlação da CMH com CSRP3, FHOD3, FLNC, JPH2, KLHL24, TRIM63 e PLN. CONCLUSÕES: A análise dos fatores genéticos associados à CMH evidencia forte base molecular, predominantemente ligada a mutações nos genes do sarcômero. Além deles, mutações menos frequentes reforçam a heterogeneidade genética e clínica da CMH. A compreensão dessas correlações é fundamental para aprimorar o rastreamento familiar, individualizar o manejo clínico e abrir caminhos para terapias direcionadas no futuro.
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