PANORAMA E TENDÊNCIA TEMPORAL DA SÍFILIS CONGÊNITA NO BRASIL: ANÁLISE DE 10 ANOS
Palavras-chave:
Sífilis Congênita; , Notificação de Doenças;, Educação Pré-natal;, Transmissão Vertical da Infecção.Resumo
INTRODUÇÃO: A sífilis congênita é uma infecção de notificação compulsória, transmitida durante a gestação ou o parto, que ainda representa um importante desafio de saúde pública. A doença pode resultar em desfechos graves, como aborto espontâneo, natimortalidade, prematuridade, além de manifestações clínicas tardias que comprometem o desenvolvimento da criança. Apesar da existência de protocolos de rastreamento e tratamento durante o pré-natal, a taxa de casos permanece elevada no Brasil nos últimos 10 anos, evidenciando falhas na prevenção e ressaltando a necessidade de análises que subsidiem estratégias mais eficazes de enfrentamento. OBJETIVO: O presente estudo teve como finalidade analisar a tendência temporal da sífilis congênita no Brasil ao longo de uma década, identificando fatores que mantêm sua elevada incidência, com o propósito de contribuir com estratégias mais eficazes de prevenção e controle. METODOLOGIA: Trata-se de uma pesquisa de série temporal, fundamentada em dados secundários do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), disponíveis no DATASUS. Foram coletados casos notificados de sífilis congênita no Brasil entre 2014 e 2023, bem como informações referentes ao tratamento das gestantes infectadas e seus parceiros. As taxas de incidência foram calculadas por 1.000 nascidos vivos, utilizando-se os registros oficiais do período. Posteriormente, essas taxas foram analisadas quanto à tendência temporal por meio de regressão linear simples, com nível de significância estatística de 5% (p < 0,05). RESULTADOS e DISCUSSÃO: Entre os anos de 2014 e 2023, registraram-se 237.548 casos de sífilis congênita no Brasil, correspondendo a uma taxa média de 8,46 casos por mil nascidos vivos. Dentre os casos confirmados, 81% das mães realizaram acompanhamento pré-natal. No entanto, apenas 58% iniciaram o tratamento, e a adesão dos parceiros foi ainda mais baixa, alcançando somente 18%. Ao longo do período, verificou-se uma tendência crescente da doença, com incremento médio anual de 0,47 por 1.000 nascidos vivos. A análise por regressão linear simples evidenciou um coeficiente positivo e estatisticamente significativo (p < 0,001), confirmando o aumento consistente das notificações no período. Esses achados reforçam não apenas a importância da testagem do VDRL durante o pré-natal, mas, sobretudo, a necessidade de garantir a adesão ao tratamento por parte da gestante e de seu parceiro, fatores essenciais para interromper a cadeia de transmissão vertical. CONCLUSÕES: Os resultados evidenciam que, embora a cobertura do pré-natal seja considerável, o aumento persistente da sífilis congênita no Brasil reflete falhas tanto na adesão, quanto na qualidade do tratamento das gestantes e de seus parceiros. Esse cenário reforça a urgência de intensificar ações de educação em saúde, fortalecer o acompanhamento do casal e aprimorar políticas públicas direcionadas à prevenção, visando à redução da incidência e minimizar o impacto da doença.
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Referências
1. Ministério da Saúde (Brasil). Sífilis congênita [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; [citado em 2025 set 20]. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/s/sifilis/gestantes/congenita.
2. Ministério da Saúde (Brasil). Painel Sífilis congênita [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; [citado em 2025 set 20]. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/s/sifilis/gestantes/congenita/painel.
3. Brasil. Ministério da Saúde. Painel de Epidemiológicas e Morbidade – Doenças e Agravos de Notificação (SINAN, 2007 em diante): Sífilis congênita [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; [citado em 2025 set 20]. Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sinannet/cnv/sifilisbr.def.
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