TRAUMATISMO CRANIANO E INTERNAÇÕES DE EMERGÊNCIA PSIQUIÁTRICA NA REGIÃO SUDESTE ENTRE 2014 A 2024: UM ESTUDO ECOLÓGICO
Palavras-chave:
Internação Hospitalar, Serviços de Emergência Psiquiátrica , Trauma CranianoResumo
INTRODUÇÃO: O traumatismo cranioencefálico (TCE) é uma das principais causas de morbidade, podendo gerar repercussões cognitivas e psiquiátricas relevantes. Evidências apontam associação entre TCE e maior risco de transtornos como depressão, ansiedade, transtorno de estresse pós-traumático e esquizofrenia, mesmo após lesões leves. A heterogeneidade nos critérios diagnósticos e nas formas de notificação dificulta comparações entre diferentes contextos. Estudos epidemiológicos ressaltam a necessidade de investigar como essas condições se apresentam em diferentes regiões e períodos, para subsidiar políticas integradas de atenção ao trauma e à saúde mental. OBJETIVO: Analisar a relação de TCE e internações de emergência psiquiátrica na Região Sudeste do Brasil entre 2014 a 2024. METODOLOGIA: Estudo ecológico observacional e longitudinal, com dados do Sistema de Informação Hospitalar (SIH/SUS), Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM/SUS) e Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA/SUS), obtidos na plataforma DATASUS. Foram incluídas internações hospitalares por TCE, óbitos relacionados e registros de emergências psiquiátricas, especialmente surtos psicóticos. As variáveis analisadas foram estado de ocorrência, ano, sexo e faixa etária. A análise estatística foi realizada em Microsoft Excel, com cálculo de frequência absoluta, percentual e taxas por 100.000 habitantes. RESULTADOS e DISCUSSÃO: Entre 2014 e 2024, registraram-se 410.981 internações por TCE de caráter urgente na Região Sudeste. O estado de São Paulo concentrou a maior parte (47,84%; n = 196.582), seguido por Minas Gerais (31,09%), Rio de Janeiro (16,21%) e Espírito Santo (4,84%). A análise etária mostrou que 334.327 ocorreram em indivíduos com 20 anos ou mais, sendo os adultos de 20 a 59 anos os mais acometidos (61,5%; n = 205.617), enquanto nos idosos (≥ 60 anos), observou-se maior letalidade (16,24). Em relação ao sexo, houve predominância mascculina (76,23%), associada a fatores de risco como violência urbana e acidentes de trânsito. O total de óbitos por TCE foi de 40.224 em maiores de 20 anos, correspondendo a 12,03% das internações, sobretudo no sexo masculino (78,72%). No mesmo período, emergências psiquiátricas relacionadas a surtos psicóticos resultaram em 248.962 internações nessa faixa etária e 36.807 atendimentos de urgência entre 2017 e 2024. A análise temporal sugere que picos de TCE coincidiram com o aumento das ocorrências psiquiátricas, sugerindo contribuição do trauma para manifestações psicóticas agudas. Embora não estabeleça causalidade, os padrões convergem com a literatura, que associa o TCE a maior risco de episódios psicóticos. CONCLUSÕES: O estudo reforça a relevância do TCE como fator associado a desordens psiquiátricas agudas, evidenciando a importância de abordagens integradas que unam prevenção do trauma e atenção à saúde mental. Políticas de cuidado coordenadas podem contribuir para reduzir complicações e melhorar o prognóstico dos pacientes.
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Referências
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