CORRELAÇÃO ENTRE O USO EXCESSIVO DE REDES SOCIAIS E SINTOMAS DO TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE EM JOVENS ADULTOS

Resumo

 INTRODUÇÃO: O advento das redes sociais remodelou radicalmente as formas de interação e consumo de informação, trazendo impactos ainda pouco dimensionados sobre a saúde mental. O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) emerge como condição vulnerável, dado seu vínculo com impulsividade, busca por recompensas imediatas e dificuldades de autorregulação. Evidências mostram a predisposição de indivíduos com TDAH ao uso problemático dessas plataformas, instaurando um ciclo de retroalimentação e desafios à compreensão dos limites da vida digital. OBJETIVO: Investigar a relação entre o TDAH e o uso excessivo de redes sociais. MÉTODOS: Realizou-se revisão da literatura nas bases PubMed e Biblioteca Virtual em Saúde. No PubMed, utilizou-se os termos MeSH “Social Media” e “Attention Deficit Disorder with Hyperactivity”, o operador booleano AND e os filtros: últimos 5 anos e texto completo gratuito, identificando 19 estudos. Na BVS, aplicaram-se filtros semelhantes, incluindo estudos observacionais, de prevalência, revisões sistemáticas e fatores de risco, resultando em 45 artigos. Após leitura, foram incluídos 18 artigos, incluindo aqueles com acesso gratuito, relevância temática e qualidade metodológica, e excluindo os duplicados, com inadequação metodológica ou fora do tema. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Indivíduos com TDAH apresentaram média de 4–6 horas diárias de uso de redes sociais, contra 2–3 horas em controles, sendo o uso noturno mais frequente em quem apresenta hiperatividade/impulsividade. Estudos relataram correlação positiva entre desatenção/impulsividade e uso problemático (r = 0,30–0,45) e odds ratio elevado, indicando até três vezes maior risco de dependência digital. Além disso, a compulsão digital associou-se à redução de até duas horas de sono por noite, com a má qualidade do sono mediando parcialmente a relação entre TDAH e uso excessivo. Traços de impulsividade e busca de novidade mostraram-se preditores robustos dos padrões compulsivos de uso das redes sociais, aumentando a vulnerabilidade de indivíduos com TDAH. A relação entre uso abusivo de redes sociais e TDAH é bidirecional: sintomas do transtorno aumentam a dependência digital, enquanto estímulos rápidos e recompensadores ampliam desatenção e impulsividade. A prática regular de esportes surge como fator protetor, favorecendo a autorregulação e reduzindo o uso compulsivo. A circulação de informações virtuais eleva o risco de autodiagnóstico e estigmatização. Apesar do predomínio de estudos transversais e amostras restritas, os achados reforçam a necessidade de políticas de regulação digital, educação midiática e estratégias de autorregulação emocional. CONCLUSÃO: A análise evidenciou que o uso problemático de redes sociais associa-se à intensificação de sintomas de desatenção, impulsividade e hiperatividade. Conclui-se que o uso das mídias deve ser compreendido como fator modulador no TDAH, capaz de atuar tanto como agravante quanto como alvo de intervenção.