UMA DÉCADA DE DENGUE NA REGIÃO NORTE DO BRASIL: ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DOS SETE ESTADOS AMAZÔNICOS
Palavras-chave:
Dengue, Epidemiologia, Região AmazônicaResumo
INTRODUÇÃO: A dengue é uma doença aguda, sistêmica, de etiologia viral e transmissão vetorial por meio da picada do mosquito fêmea da espécie Aedes aegypti. Trata-se de uma arbovirose presente em todo o território nacional, haja vista que o país possui condições climáticas que favorecem a proliferação do vetor. Desse modo, o acompanhamento dos aspectos epidemiológicos dessa doença na região Norte mostra-se necessário para orientar medidas de controle e prevenção. OBJETIVO: Analisar a morbidade hospitalar por dengue na região Norte do Brasil, descrevendo a sua evolução temporal ao longo da última década. METODOLOGIA: Este estudo caracteriza-se como uma pesquisa epidemiológica descritiva, cujos dados foram obtidos por meio de consulta ao Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS), disponível na plataforma nacional do Departamento de Informática do SUS (DATASUS). A análise foi realizada utilizando os dados acessíveis na referida plataforma de saúde, e, por esse motivo, não foi submetida ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP). Os dados foram organizados com base nas variáveis de internações, valor total, média de permanência, óbitos e taxa de mortalidade segundo município, no período de dezembro de 2014 a dezembro de 2024. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Entre 2014 e 2024, a região Norte apresentou ampla variação na morbidade hospitalar por dengue. O Pará concentrou o maior número absoluto (14.453 internações e 41 óbitos; taxa de 0,28), seguido por Rondônia (9.554 internações, 30 óbitos; 0,31) e Amazonas (3.339 internações, 11 óbitos; 0,33). O Acre registrou 2.962 internações e 19 óbitos, destacando Rio Branco com 10 mortes e taxa de 2,83. O Amapá apresentou 1.695 internações, com maior gravidade em Macapá (667 internações, 14 óbitos; taxa de 2,10) e Santana (547 internações, 8 óbitos; 1,46). Em Roraima, predominaram os registros de Boa Vista (344 internações, 1 óbito; 0,29). Já o Tocantins, entre 2017 e 2022, contabilizou 28.355 casos confirmados, dos quais 1.798 evoluíram para internação e 22 para óbito (1,2%), com destaque para Palmas. Os dados revelam que, enquanto estados mais populosos concentram maior número de casos, localidades específicas apresentam taxas de mortalidade proporcionalmente mais elevadas, sugerindo desigualdades no acesso e na resposta assistencial. CONCLUSÃO: A dengue permanece como importante problema de saúde pública no Norte, com elevado número de internações e óbitos, porém distribuídos de forma heterogênea entre os estados. A alta mortalidade em municípios como Macapá contrasta com o elevado volume de internações no Pará e Rondônia, evidenciando a necessidade de estratégias diferenciadas de vigilância e assistência em cada contexto.
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Referências
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Copyright (c) 2025 Daniele Nascimento Frota Carneiro , Rodrigo Pinheiro Silveira , Isabelly Della Justina Florentino Silva, Maria Luisa Veloso Pereira, Ana Clara Gonçalves Pontes, Anne Giselle Coutinho Moreira (Autor)

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