PREVALÊNCIA E PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS ÓBITOS POR SUICÍDIO NA REGIÃO SUL DE 2015 A 2023: UM ESTUDO ECOLÓGICO
Palavras-chave:
Suicídio, Saúde Mental, Perfil de Saúde, DemografiaResumo
INTRODUÇÃO: O suicídio representa uma das crises de saúde pública global e uma das principais causas de morte, refletindo os desafios de saúde mental do século XXI. No Brasil, com suas vastas dimensões e profundas desigualdades no acesso à saúde, médias nacionais podem ocultar realidades regionais críticas. É válido destacar que, historicamente, a região Sul é a mais afetada, por apresentar coeficientes de mortalidade por auto mutilação voluntária superiores à média nacional. Por isso, este estudo busca analisar a prevalência e o perfil epidemiológico dessas mortes, destacando suas particularidades para orientar estratégias preventivas mais eficazes e direcionadas. OBJETIVO: Analisar o padrão de prevalência e o perfil epidemiológico dos óbitos por lesões autoprovocadas intencionalmente na região Sul do Brasil, no período de 2015 a 2023. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo epidemiológico, observacional e transversal, que analisou dados sobre o perfil epidemiológico de indivíduos acometidos por óbito por automutilação voluntária na região Sul do Brasil entre 2015 e 2023. A coleta ocorreu pela plataforma TABNET, que acessa o DATASUS, seção “Mortalidade – desde 1996 pela CID-10”, e foi ajustada conforme estimativas populacionais do IBGE. As variáveis analisadas foram “sexo”, “faixa etária”, “escolaridade”, “cor/raça” e “estado civil”. Após a extração, os dados foram processados estatisticamente no Microsoft Excel e a associação entre variáveis foi realizada através do teste Qui-quadrado. RESULTADOS e DISCUSSÃO: O estudo analisou um total de 124.157 casos de óbito por automutilação voluntária distribuídos nas cinco regiões do Brasil entre 2015 e 2023. Embora a região Sudeste tenha concentrado a maior parte dos casos em números absolutos (36,6%), seguida por Nordeste (23,6%), Sul (22,6%), Centro-Oeste (9,4%) e Norte (7,8%), a análise da prevalência média anual evidencia um cenário diferente. A região Sul apresenta a maior taxa, com 10,43 óbitos por 100 mil habitantes/ano, seguida por Centro-Oeste (7,86), Norte (6,23), Sudeste (5,97) e Nordeste (5,96). O teste Qui-quadrado confirmou que as prevalências não são homogêneas entre as regiões (p<0,01), evidenciando risco proporcionalmente maior no Sul. Nessa região, o perfil dos óbitos inclui predominantemente homens (79,3%), idade entre 40 e 59 anos (36,2%), raça branca (85,2%), escolaridade de 8 a 11 anos (31,6%) e estado civil solteiro (46,1%), sugerindo vulnerabilidade específica dessa população e destacando a necessidade de estratégias regionais direcionadas de prevenção. CONCLUSÕES: O estudo reafirma o histórico da região Sul como área de maior vulnerabilidade em saúde mental, evidenciando a gravidade da situação atual. A caracterização epidemiológica dos óbitos por suicídio nessa região — predominantemente por homens, adultos, brancos, com escolaridade média e solteiros — é fundamental para orientar estratégias de prevenção e subsidiar intervenções diante do preocupante cenário de crise em saúde mental.
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Referências
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