REPERCUSSÕES PSICOSSOCIAIS DO DIAGNÓSTICO DE CÂNCER GINECOLÓGICO EM MULHERES EM IDADE REPRODUTIVA

Resumo

INTRODUÇÃO: A saúde reprodutiva constitui eixo central do bem-estar feminino, abrangendo não apenas a capacidade de gerar filhos, mas também identidade, autonomia e qualidade de vida. O diagnóstico de neoplasia ginecológica em mulheres em idade reprodutiva impacta de forma profunda essas dimensões, podendo desencadear conflitos emocionais, dificuldades conjugais e alterações na autoimagem. O tratamento oncológico, frequentemente agressivo, compromete sexualidade e maternidade, afetando a percepção de feminilidade e o exercício da autonomia reprodutiva. Compreender os impactos psicossociais do câncer ginecológico é essencial para promover o cuidado integral e humanizado. OBJETIVOS: Identificar as repercussões psicossociais do diagnóstico de câncer ginecológico em mulheres em idade reprodutiva, com ênfase em saúde sexual, identidade feminina, relações interpessoais e qualidade de vida. METODOLOGIA: Realizou-se revisão integrativa da literatura nas bases PubMed e periódicos internacionais até junho de 2025. Utilizaram-se os descritores gynecologic cancer, psychosocial impact, mental health, quality of life, fertility, body image, sexual health e women of reproductive age, combinados por operadores booleanos. Foram incluídos artigos originais publicados entre 2014 e 2024, em inglês ou espanhol, que abordassem aspectos emocionais, sociais, sexuais, reprodutivos ou relacionados à imagem corporal em mulheres com câncer ginecológico. Excluíram-se duplicados, revisões, editoriais e estudos com populações distintas. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados indicam que mulheres jovens enfrentam perdas significativas relacionadas à feminilidade, disfunção sexual, medo da infertilidade e alterações na percepção corporal. Tais fatores se associam a sintomas de ansiedade, depressão, baixa autoestima e prejuízos na qualidade de vida, além de impactarem negativamente relações conjugais e sociais, muitas vezes marcadas por conflitos, isolamento e estigmatização. Destaca-se, ainda, que determinantes socioculturais e contextos de vulnerabilidade podem agravar tais repercussões, evidenciando a importância de uma análise interseccional. CONCLUSÕES: O câncer ginecológico impõe desafios que ultrapassam o tratamento médico, afetando dimensões íntimas, identitárias e sociais. Torna-se necessária a incorporação de protocolos de rastreamento do sofrimento psíquico, aconselhamento reprodutivo e intervenções multiprofissionais — psicologia, enfermagem, fisioterapia pélvica, sexologia e serviço social — para garantir suporte integral. O cuidado deve respeitar a subjetividade, promover autonomia reprodutiva e preservar dignidade e qualidade de vida de mulheres em idade reprodutiva acometidas pela doença.