EVOLUÇÃO DA TESTAGEM RÁPIDA PARA SÍFILIS EM GESTANTES NA REGIÃO NORTE: UM ESTUDO ECOLÓGICO
Palavras-chave:
Sífilis Congênita, Sorodiagnóstico da Sífilis, NorteResumo
INTRODUÇÃO: A sífilis gestacional é um desafio persistente de saúde pública na Região Norte, onde barreiras geográficas e limitações na atenção pré-natal dificultam o diagnóstico precoce. De acordo com os dados do boletim epidemiológico de sífilis de 2024, a taxa de detecção de sífilis em gestantes na região Norte em 2023 foi de 31 casos a cada 1.000 nascidos vivos, acima da média nacional. A adoção da testagem rápida é importante para garantir a identificação imediata e o início rápido no tratamento, sendo uma estratégia crucial para reduzir as complicações maternas e neonatais e fortalecer a vigilância em saúde. OBJETIVO: Avaliar a evolução temporal do uso da testagem rápida para sífilis em gestantes na região Norte. METODOLOGIA: Estudo ecológico, descritivo e retrospectivo, realizado com dados do Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA/SUS), obtidos na aba “Teste rápido para Sífilis na gestante ou pai/parceiro" na plataforma DATASUS entre janeiro de 2014 e dezembro de 2024 na região Norte. O presente estudo foi realizado por intermédio dos dados disponíveis em plataforma nacional de saúde, sendo isento do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP). RESULTADOS E DISCUSSÃO: Na última década foram realizados 544.211 testes rápidos para sífilis em gestantes ou parceiros na região Norte. Observou-se um crescimento acentuado da testagem rápida ao longo dos anos, de 22.570 em 2014 para 62.624 em 2017, e posteriormente uma queda considerável no período de 2020 e 2021, possivelmente relacionada à pandemia do COVID-19. Em seguida, houve um novo aumento no ano de 2023 (58.319), que se manteve relativamente estável em 2024. O estado do Pará concentrou o maior volume de procedimentos (218.685), seguido pelo Amazonas (148.645) e Rondônia (62.898), enquanto Tocantins (51.211), Amapá (26.909) e Acre (24.730) apresentaram valores abaixo da média regional, com o estado de Roraima com o menor índice total (11.133), apresentando ausência de registros em alguns anos, sugerindo limitações no sistema de notificação. Esses achados reforçam a urgência de políticas públicas direcionadas, principalmente aos locais menos assistidos, uma vez que, a testagem rápida é fundamental para melhorar o monitoramento epidemiológico, reduzir a transmissão vertical da sífilis e prevenir complicações em recém-nascidos. CONCLUSÃO: O estudo revelou um crescimento significativo na última década, sofrendo uma queda nos anos de 2020/2021, provavelmente ocasionado pela pandemia do COVID-19, mas se recuperando em 2023/2024. Entretanto, a distribuição desigual entre os estados indica lacunas na equidade do acesso e distribuição, com menores valores no estado de Roraima, Amapá e Acre. Esses achados indicam a necessidade de políticas públicas direcionadas a ampliar e assegurar a oferta contínua de testes e insumos, a fim de avaliar a relação entre testagem, positividade e tratamento.
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Referências
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