PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS CASOS CONFIRMADOS POR ZIKA VÍRUS NO ESTADO DE RORAIMA (2019-2024)
Palavras-chave:
Epidemiologia, Zika Vírus, Vigilância em Saúde PúblicaResumo
INTRODUÇÃO: O Zika vírus é um arbovírus transmitido pelo Aedes aegypti, cuja notoriedade em saúde pública se deu após a epidemia de 2015, com aumento do número de casos e de suas complicações neurológicas e congênitas. No estado de Roraima, fatores climáticos, ambientais e sociais favorecem a circulação do vetor. Assim, há o papel chave da vigilância epidemiológica no monitoramento das áreas e populações com maior risco. OBJETIVO: Analisar o perfil epidemiológico da população afetada pelo Zika vírus no estado de Roraima entre 2019 e 2024. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo epidemiológico, de caráter descritivo, com dados fornecidos pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), acessados por meio do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) no período de 2019-2024. Os critérios de análise foram raça, ano de notificação, município de notificação, sexo, faixa etária e gestantes. RESULTADOS e DISCUSSÃO: Entre 2019 e 2024, Roraima registrou 1.397 casos confirmados de Zika vírus, correspondendo a 0,8% do total nacional (166.182). A distribuição municipal foi heterogênea: Rorainópolis concentrou 25,6% dos casos (358), seguida de Boa Vista (18,5%; 258), São João da Baliza (11,3%; 158) e Cantá (10,3%; 144). Municípios como Pacaraima (0,6%) e São Luiz (0,7%) tiveram menor impacto. A análise temporal revelou picos em 2019 e 2021, e crescimento expressivo em 2024 (522 casos; 37,4%), principalmente em Rorainópolis (284) e Cantá (82). Esse aumento pode estar associado à intensificação da circulação vetorial, variações climáticas sazonais e limitações na cobertura das ações de controle. Quanto ao perfil populacional, observou-se predomínio do sexo feminino (56,2%), principalmente em adultos de 20 a 39 anos (38,8%), seguido por indivíduos de 40 a 59 anos. Crianças e adolescentes <15 anos representaram 21% das notificações, e idosos <10%. Quanto à raça/cor, destacaram-se pessoas pardas (80,8%), seguidas por brancas (10,2%), pretas (3,8%) e indígenas (3,2%), reflexo tanto da composição demográfica do estado como das desigualdades no acesso à saúde. Em gestantes, identificou-se 71 casos com trimestre gestacional definido (5,1%), distribuídos principalmente no 2º trimestre (2,2%). A maioria dos registros foi classificada como “não se aplica” (55,9%) ou “não” (36,6%), revelando falhas no preenchimento das fichas. Essa lacuna limita a análise do risco por período gestacional e reduz a sensibilidade da vigilância para um grupo reconhecidamente vulnerável. CONCLUSÕES: Dessa forma, o padrão epidemiológico roraimense indica maior risco entre mulheres pardas em idade reprodutiva, com crescimento de casos nos últimos dois anos, sugerindo fragilidades no controle vetorial e na vigilância ativa. A alta proporção de campos ignorados evidencia a necessidade de qualificar a notificação, a fim de subsidiar medidas direcionadas, sobretudo para gestantes, dada a relevância clínica da infecção para desfechos congênitos.
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Referências
1. BORGES, Luiz Carlos Santos et al. EP-346-ESTUDO ECOLÓGICO: ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DOS CASOS DE ZIKA VÍRUS NA REGIÃO NORTE DO BRASIL NO PERÍODO DE 2016 A 2023. The Brazilian Journal of Infectious Diseases, v. 28, p. 104250, 2024.
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