PERFIL EPIDEMIOLÓGICO E ADESÃO À PROFILAXIA PRÉ-EXPOSIÇÃO AO HIV
Palavras-chave:
Diagnóstico da Infecção pelo HIV, Infecção pelo vírus HIV, Profilaxia Pré-ExposiçãoResumo
INTRODUÇÃO: A profilaxia pré-exposição (PrEP) ao vírus HIV foi implementada no sistema público em 2017 e tem se mostrado altamente eficaz, com redução em mais de 90% do risco de transmissão sexual do vírus. Entretanto, é necessário compreender o perfil desses usuários, e a adesão ao tratamento, pois a efetividade da profilaxia depende da terapia rigorosa e contínua, o que torna um desafio para saúde pública. OBJETIVO: Investigar o perfil epidemiológico à adesão da PrEP entre 2019 até julho de 2025 no Brasil e comparar os resultados com estudos realizados no Brasil e no mundo. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo descritivo observacional realizado em setembro de 2025 com dados do painel PrEP do Ministério da Saúde, abrangendo usuários que utilizaram a profilaxia entre 2019 e 31 de julho de 2025. Foram analisadas as variáveis escolaridade (0-7, 8-11, >12 anos, ignorado e sem educação formal), população (gays e outros homossexuais, homens heterossexuais cis, homens trans, mulheres cis e trans, não binários, travesti), raça/cor (branca/amarela, parda, preta, indígena e ignorada) e faixa etária (<18, 18-24, 25-29, 30-39, 40-49 e >50 anos). Para comparar a adesão à PrEP, foi realizada busca na PUBMED/MEDLINE usando os termos validados pelo DeCS em inglês: HIV Infections, Pre-Exposure Prophylaxis, Medication Adherence e Diagnosis of HIV Infection, combinados com o operador booleano “AND”. Os filtros incluíram artigos em texto completo, publicados nos últimos 7 anos (2019 a setembro de 2025) e na língua inglesa. RESULTADOS e DISCUSSÃO: Os usuários da PrEP aumentaram progressivamente, chegando a 135.934 em 2025 (18,53% acima de 2024), totalizando 441.152 entre 2019 e julho de 2025. A maioria tinha escolaridade >12 anos (53,64%), era branca (51,95%), gays e outros homossexuais representaram 81,43%, e a faixa etária predominante foi 30-39 anos (44,48%). Foram registradas 1.466.014 dispensações, com 13,53% de descontinuidade. Para comparação da adesão, seis estudos foram analisados: Brasil (2019) mostrou 74% de adesão após 48 semanas; Uganda (2021) teve 17,2% após 12 meses entre profissionais do sexo; África do Sul e Zimbábue (2021) indicaram 95% iniciantes, mas só 55% mantiveram-se no estudo; Hong Kong (2021) revelou 95% de adesão em homens que fazem sexo com homens (HSH); e um estudo multicêntrico na China (2020) destacou a importância da regularidade na administração. As ferramentas de monitoramento incluíram taxas sanguíneas, autorrelato, contagem de comprimidos e uso de preservativos. CONCLUSÕES: Houve aumento expressivo na procura pela PrEP no Brasil entre 2019 e julho de 2025, especialmente entre gays, brancos e com alto nível de escolaridade. A comparação com estudos nacionais e internacionais demonstra que a adesão sustentada continua sendo um desafio, reforçando a importância de estratégias de educação em saúde, tais como a implementação da PrEP injetável no sistema público, e o acompanhamento contínuo para garantir a sua efetividade.
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