ANÁLISE DOS CUSTOS DAS INTERNAÇÕES POR TRANSTORNOS MENTAIS E COMPORTAMENTAIS PARA O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE: UM ESTUDO ECOLÓGICO
Palavras-chave:
Transtornos Mentais, Internação Hospitalar, Custos de SaúdeResumo
INTRODUÇÃO: Os transtornos mentais e comportamentais representam um desafio crescente no cenário de saúde pública, com impactos sociais, culturais e econômicos que afetam indivíduos e comunidades. O perfil epidemiológico brasileiro evidencia mudanças na demanda por serviços especializados e pressiona o sistema de saúde a oferecer respostas adequadas. Assim, compreender o panorama das internações no SUS na última década torna-se essencial para identificar tendências, desigualdades regionais e apoiar estratégias de cuidado. OBJETIVO: Analisar os custos das internações por transtornos mentais e comportamentais nas diversas regiões do Brasil. METODOLOGIA: Estudo ecológico, descritivo e retrospectivo, realizado a partir dos dados obtidos no Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS), DATASUS. Considerou-se as internações por transtornos mentais e comportamentais no período de 2014 a 2024, em todas as regiões do Brasil. As variáveis analisadas foram o custo total de internações, a média de permanência hospitalar, valor médio das internações e taxa de mortalidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Entre 2014 e 2024, ocorreram 2.510.297 internações por transtornos mentais e comportamentais no Brasil, com um custo total de R$ 3.689.746.101,32. A média de permanência hospitalar foi de 28,2 dias e a taxa de mortalidade média nacional de 0,53%. Ademais, a região Sudeste concentrou o maior número de internações (979.327 casos) e o maior custo agregado (R$ 1.613.341.972,65), além de apresentar taxa de mortalidade de 0,62%, acima da média nacional. A região Nordeste, apesar de registrar menor volume de internações que o Sudeste, destacou-se por apresentar o maior valor médio por internação (R$ 1.848,95), bem como a maior média de permanência hospitalar (34,5 dias), sugerindo maior complexidade dos casos tratados. A região Sul registrou 800.390 internações, com custo total de R$ 962.935.586,56 e taxa de mortalidade de 0,68%, a mais elevada do país. Já a região Norte teve o menor valor médio por internação (R$ 500,19) e a menor média de permanência hospitalar (10,3 dias), mas ainda assim respondeu por mais de 92 mil hospitalizações no período. No Centro-Oeste, observaram-se 198.375 internações, com custo médio de R$ 1.281,03 por paciente e taxa de mortalidade de 0,56%. Esses achados evidenciam disparidades regionais relevantes no manejo hospitalar dos transtornos mentais e comportamentais, tanto em relação ao volume de internações quanto aos custos e desfechos clínicos. CONCLUSÕES: As diferenças regionais evidenciam desigualdades no manejo hospitalar dos transtornos mentais e comportamentais e reforçam a importância de fortalecer a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), promovendo equidade, qualificação dos serviços substitutivos ao hospital psiquiátrico e investimentos em estratégias preventivas e comunitárias.
Downloads
Referências
1. ALMEIDA, J. M. C.; HORVITZ-LENNAN, C. Reforma psiquiátrica e políticas de saúde mental no Brasil: 20 anos depois. Ciência & Saúde Coletiva, v. 25, n. 2, p. 459-468, 2020.
2. ANDREOLI, S. B. et al. Impacto econômico das internações psiquiátricas no Brasil. Revista Brasileira de Psiquiatria, v. 40, n. 1, p. 33-40, 2018.
3. LIMA, I. M. S. O. et al. Internações psiquiátricas no Sistema Único de Saúde: tendências e desafios. Cadernos de Saúde Pública, v. 35, n. 3, p. 1-13, 2019.
4. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Mental health action plan 2013-2030. Geneva: World Health Organization, 2021. Disponível em: https://www.who.int/publications/i/item/9789240031029. Acesso em: 20 set. 2025.
Publicado
Edição
Seção
Categorias
Licença
Copyright (c) 2025 Daniele Nascimento Frota Carneiro , Enzo Gambardela Nunes Moreira, Isabel Mota Pagliarini, Camilla Arrais Bento, Isabelly Della Justina Florentino Silva, Gabriel Renzo Da Silva Ramos Braga, Rodrigo Pinheiro Silveira (Autor)

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
As licenças de usuário definem como os leitores e o público em geral podem usar o artigo sem precisar de outras permissões. As licenças públicas do Creative Commons fornecem um conjunto padrão de termos e condições que os criadores e outros detentores de direitos podem usar para compartilhar obras originais de autoria e outros materiais sujeitos a copyright e alguns outros direitos especificados na licença pública disponível em https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/deed.pt_BR. Ao usar a 4.0 International Public License, a IFMSA Brazil concede ao público permissão para usar o material publicado sob os termos e condições especificados acordados pela revista. Ao exercer os direitos licenciados, os autores aceitam e concordam em obedecer aos termos e condições da Licença Pública Internacional Creative Commons Atribuição 4.0.