ADESÃO AO TRATAMENTO DA TUBERCULOSE EM POPULAÇÕES VULNERÁVEIS NO BRASIL (2014–2023)

Autores

Palavras-chave:

Cooperação e Adesão ao Tratamento, Determinantes Sociais, Tuberculose

Resumo

INTRODUÇÃO: A tuberculose permanece como um dos principais desafios de saúde pública no Brasil, com impacto ainda maior em populações vulneráveis. A adesão ao tratamento é um fator determinante para o sucesso terapêutico e para o controle da transmissão da doença, sendo influenciada por aspectos sociais, clínicos e estruturais. OBJETIVO: Avaliar a adesão ao tratamento da tuberculose em populações vulneráveis, considerando o perfil sociodemográfico e clínico dos pacientes, os fatores que favorecem ou dificultam o seguimento terapêutico, o impacto do acesso aos serviços de saúde e do apoio social, além de propor estratégias que contribuam para a melhoria da continuidade do cuidado. METODOLOGIA: Estudo observacional, transversal e descritivo, com dados secundários do Sinan/DATASUS (2014–2023). Foram analisadas variáveis sociodemográficas (faixa etária, cor/raça, escolaridade), clínicas (coinfecção, comorbidades) e de vulnerabilidade (situação de rua, tipo de entrada), descritas em frequências absolutas e relativas. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Entre 2015 e 2024, foram notificados 955.658 casos confirmados de tuberculose no Brasil. Desses, 9,9% ocorreram em pessoas vivendo com HIV/AIDS, 2,5% em indivíduos com doença mental associada e 4,1% em população em situação de rua, grupo que apresentou crescimento progressivo nos últimos anos. Quanto ao tipo de entrada, 78,9% foram casos novos, 7,5% recidivas e 9,7% reingressos após abandono, evidenciando fragilidade na adesão. Em termos regionais, o Sudeste concentrou 45,0% das notificações, seguido pelo Nordeste (25,9%) e Sul (12,1%), enquanto Norte e Centro-Oeste somaram 16,8% do total. Observou-se tendência de aumento absoluto de casos notificados a partir de 2022, com pico em 2024. Os resultados indicam que a adesão ao tratamento da tuberculose no Brasil permanece limitada, sobretudo entre pessoas vivendo com HIV/AIDS, em situação de rua e com transtornos mentais. Esses grupos enfrentam barreiras adicionais, como estigma, exclusão social e maior sobreposição de comorbidades, fatores que contribuem para abandono ou recidiva. A pandemia de COVID-19 agravou as fragilidades do sistema, reduzindo notificações e atrasando diagnósticos, com reflexos nos anos subsequentes. CONCLUSÃO: A adesão ao tratamento da tuberculose no Brasil continua sendo um desafio, influenciado por determinantes sociais, estruturais e clínicos. Estratégias eficazes exigem integração entre saúde e assistência social, fortalecimento da atenção primária, ampliação do tratamento diretamente observado, incorporação de tecnologias digitais de monitoramento e oferta de regimes terapêuticos mais curtos e toleráveis. Somente com uma abordagem ampliada, centrada no paciente e adaptada às populações vulneráveis, será possível reduzir desigualdades, melhorar a continuidade do cuidado e avançar no controle da tuberculose.

 

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Biografia do Autor

  • Daniele Vieira Ferreira, IFMSA Brazil FACIMPA

    https://orcid.org/0000-0001-9985-3107

  • Emilly Mendanha de Oliveira, IFMSA Brazil FACIMPA

    https://orcid.org/0009-0009-9174-5692

  • Larissa Beatriz Pimentel Costa, IFMSA Brazil FACIMPA

    https://orcid.org/0009-0000-3219-2607

  • Ismar da Silva Santos, IFMSA Brazil FACIMPA

    https://orcid.org/0009-0001-8852-3468

  • Reijania Célia Veras Gomes, IFMSA Brazil FACIMPA

    https://orcid.org/0000-0003-4829-9155

  • Iago Silva Oliveira Lura, IFMSA Brazil FACIMPA

    https://orcid.org/0009-0009-4181-8822

Referências

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Publicado

2025-12-09

Como Citar

ADESÃO AO TRATAMENTO DA TUBERCULOSE EM POPULAÇÕES VULNERÁVEIS NO BRASIL (2014–2023). (2025). Anais Do Momento Científico Da IFMSA Brazil, 63(2). https://revistas.ifmsabrazil.org/eventos/article/view/1349