OS IMPACTOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NA SAÚDE PÚBLICA DAS COMUNIDADES INDÍGENAS
Palavras-chave:
Mudança Climática, Vigilância em Saúde Pública, Povos Indígenas, Racismo AmbientalResumo
INTRODUÇÃO: As mudanças climáticas globais constituem uma grave ameaça aos sistemas humanos e naturais, com impactos significativos na saúde pública, e, para as comunidades indígenas no Brasil esses impactos são dramaticamente amplificados. Historicamente marginalizados, com profunda conexão com seus territórios, e com precário acesso à saúde, os povos indígenas enfrentam vulnerabilidades socioambientais extremas. OBJETIVO: Revisar e identificar os impactos resultantes das mudanças climáticas na saúde de comunidades indígenas. METODOLOGIA: A revisão sistemática de literatura seguiu o protocolo PRISMA e teve como pergunta norteadora “Quais os impactos das mudanças climáticas na saúde das comunidades indígenas?”. As buscas foram realizadas nas bases PUBMED e Google Acadêmico, utilizando descritores como "Climate Change" e "Indigenous Peoples", combinados com o operador booleano AND e filtros de artigos completos disponíveis gratuitamente, publicados em inglês e português entre 2020 e 2025. Foram priorizados trabalhos originais que abordassem os impactos das mudanças climáticas na saúde das comunidades indígenas. Excluíram-se revisões narrativas, artigos duplicados ou sem acesso ao texto completo. Dos 14 artigos identificados, 10 foram excluídos após triagem e 04 foram selecionados para análise. RESULTADOS E DISCUSSÃO: As mudanças climáticas, resultado de ações antropogênicas, é um forte determinante da saúde humana atual e futura. Contudo, os impactos dessas mudanças não afetam a todos igualmente. Povos indígenas sofrem maiores riscos ambientais que outras comunidades, principalmente em razão da intrínseca relação com a natureza, ponto central da tradição e modo de vida dessas populações. Em geral, os povos indígenas apresentam são mais suscetíveis à doenças infectoparasitárias, cardiovasculares e impactos fisiológicos agudos e crônicos em decorrência da poluição do ar, contaminação aquática e exposição extrema a raios ultravioletas causados pelo desmatamento e aquecimento global. Ademais, a crise climática impacta diretamente a saúde mental dessas comunidades, estudos relatam aumento das respostas emocionais de preocupação, tristeza, raiva e angústia emocional. Combinado com escassas políticas públicas ambientais indígenas voltadas, às comunidades indígenas sofrem com um aumento nas taxas de mortalidade e de redução da esperança de vida ao nascer, que podem chegar a ser até cinco vezes maiores que comunidades não-indígenas. CONCLUSÃO: O meio ambiente é fonte de sabedoria ancestral para a comunidade indígena e sua mudança gera grande impacto. A degradação ambiental resulta em maiores índices de adoecimento, mortalidade e sofrimento psicossocial em comparação com a população não indígena. Sendo assim, é imprescindível a implantação de políticas de saúde que busquem a vigilância, adaptação e redução de danos para, dessa forma, garantir o respeito aos direitos humanos da população indígena e possibilitar a justiça social dentro da saúde pública.
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Referências
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