DETERMINANTES E TENDÊNCIA DA MORTALIDADE MATERNA NO MARANHÃO: UMA ANÁLISE RETROSPECTIVA DA ÚLTIMA DÉCADA
Palavras-chave:
Mortalidade Materna, Perfil de Saúde, Saúde Materna, EpidemiologiaResumo
INTRODUÇÃO: A Organização Mundial da Saúde (OMS) caracteriza mortalidade materna como a morte de uma mulher durante a gravidez ou após 42 dias do parto que não seja causado por acidentes. A redução da mortalidade materna é incluída no plano de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) propostos até 2030, sendo uma dentre muitas metas ainda não alcançadas. As altas taxas de mortalidade ainda presentes refletem as tendências globais de desigualdade ao acesso de saúde sexual e reprodutiva, que levam mulheres a morrerem por causas evitáveis de morte durante e após a gravidez. OBJETIVO: Identificar as principais causas de morte materna no Maranhão, assim como o perfil epidemiológico das mulheres mais acometidas e a tendência temporal de mortalidade entre 2013 e 2023. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo ecológico, observacional e retrospectivo, que utilizou dados secundários do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), obtidos através do pacote estatístico “microdatasus”. Foram analisados os óbitos que ocorreram no estado do Maranhão, entre 2013 e 2023, por causa presente no capítulo XV, “gravidez, parto e puerpério”, da 10° revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-10). As variáveis analisadas foram: ano da morte, causa básica, idade, etnia, estado civil, escolaridade, ocupação, local de residência, local e situação da ocorrência da morte. Para a análise da tendência de mortalidade ao longo dos anos foi aplicada a regressão de Poisson ao nível de 5%. A análise estatística foi realizada por meio do software RStudio. RESULTADOS E DISCUSSÃO: O Maranhão (1.107) foi o segundo estado da região Nordeste com o maior número de casos de morte materna no período analisado, atrás apenas da Bahia (1.459). O ano de 2021 apresentou a maior incidência de novas ocorrências (146). Apesar de um indício na tendência para redução da mortalidade (Estimate = −0,0119), o resultado não é estatisticamente significativo (p = 0,21). A principal causa de morte foi doenças virais (77; 6,96%), seguida de eclâmpsia no puerpério (53; 4,79%) e hemorragia do pós-parto imediato (52; 4,70%). A mediana da idade das mulheres foi de 28 anos, com a maioria na faixa etária dos 20 aos 29 anos (462; 41,84%). O perfil das vítimas era composto por maioria: parda (778; 71,44%); solteira (505; 46,97%); com escolaridade até o ensino médio completo (393; 37%), com entre 8 a 11 anos de estudo (507; 47,47%); donas de casa (219; 22,71%); e residente de São Luís (123; 11,11%). A grande maioria das mortes ocorreram em hospitais (971; 87,71%) e em até 42 dias pós-parto (449; 49,34%). CONCLUSÃO: A mortalidade materna não apresenta uma tendência significante para a redução e pode ser agravada se políticas públicas de saúde não forem adotadas e direcionadas para as populações mais suscetíveis descritas no presente trabalho, para que sejam minimizadas as barreiras socioeconômicas e raciais que contribuem para a mortalidade de mulheres grávidas e a precarização da assistência obstétrica.
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Referências
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