BURNOUT NO ESTUDANTE DE MEDICINA: UMA REVISÃO DE LITERATURA DE ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO E INTERVENÇÃO
Palavras-chave:
Mental Health, Medical Students, Behavior TherapyResumo
INTRODUÇÃO: A saúde mental tem se destacado, devido ao aumento de casos de estresse, ansiedade, depressão e esgotamento emocional. Estudantes de medicina constituem como grupo de risco, favorecendo o surgimento da síndrome de burnout. Apesar disso, nota-se a escassez de estratégias eficazes de prevenção e intervenção. OBJETIVO: Analisar a relação entre saúde mental e burnout em estudantes de medicina, com destaque para fatores de risco, consequências e estratégias de enfrentamento. METODOLOGIA: Revisão sistemática de literatura segundo o PRISMA. A busca, realizada no PubMed, utilizando os descritores “mental health”, “students”, “medical” e “behavior therapy”, combinados com o operador booleano “AND”, conforme o DeCS, contemplou artigos de 2020–2025, em inglês e texto completo. Dos 230 estudos iniciais, 42 artigos foram selecionados para triagem detalhada, sendo 9 incluídos na análise final por relacionarem a saúde mental aos estudantes de medicina. RESULTADOS E DISCUSSÃO: A prevalência da Síndrome de Burnout foi de 17% entre estudantes brasileiros e de 10% a 45% no cenário global. Isso se deve majoritariamente à carga horária excessiva do curso, à competitividade acadêmica e à estigmatização da saúde mental, corroborando para a exaustão emocional, despersonalização e baixa realização pessoal. A síndrome associa-se ao desenvolvimento ou agravamento de transtornos mentais (sobretudo ansiedade e depressão), distúrbios alimentares e do sono, desejo de abandonar o curso, uso de substâncias, ideação suicida e baixo desempenho profissional futuro. Os fatores de risco frequentes foram: sexo feminino, idade mais jovem e maior tempo de formação. Apesar da gravidade, muitos estudantes de medicina não buscam ajuda devido ao medo do estigma, impactos na carreira, vergonha, a falta de confiança no atendimento e as barreiras de tempo e lugar. As estratégias sugeridas dividem-se em três segmentos: promoção, com fortalecimento da saúde mental; prevenção, por meio de programas de mentoria acadêmica, mindfulness (desenvolvimento da autoestima, criatividade e habilidades sociais) e oficinas de gestão de tempo; e intervenção, com apoio digital anônimo e acessível de qualquer ambiente. Destacam-se ferramentas online, como o livreto de alfabetização à saúde mental, aulas online de curta duração e rastreamento do humor, que obtiveram boa aceitação, com o objetivo de redução do estresse e melhoria do bem-estar. Esses mecanismos carecem de apoio, sobretudo, institucional, com a implementação integrada do currículo acadêmico. CONCLUSÃO: A síndrome de burnout é altamente prevalente entre estudantes de medicina, representando um importante problema de saúde pública. Fatores de risco são observados e, apesar da gravidade, há dificuldades para a busca de apoio. Nesse contexto, estratégias de promoção, prevenção e intervenção são necessárias, dependendo do comprometimento institucional fomentar um ambiente acadêmico que integre o cuidado à saúde mental.
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