PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DAS INFECÇÕES POR MALÁRIA NA REGIÃO NORTE NOS ÚLTIMOS 10 ANOS: UM ESTUDO ECOLÓGICO
Palavras-chave:
Malária, Morbidade, Perfil EpidemiológicoResumo
INTRODUÇÃO: A malária é uma doença infecciosa febril aguda causada por protozoários do gênero Plasmodium, sendo um grave problema de saúde pública no Brasil, sobretudo na região Norte. É essencial analisar distribuição e comportamento ao longo do tempo, compreendendo a dinâmica da transmissão e orientando estratégias de controle mais eficazes, ajustadas ao contexto epidêmico. OBJETIVO: Descrever o perfil epidemiológico das infecções por malária na região Norte, analisando tendências temporais e implicações para a saúde pública. METODOLOGIA: Estudo ecológico, descritivo e retrospectivo, com dados obtidos no Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS) por meio do DATASUS, foram incluídas as internações por malária no Brasil, por região e unidade da federação, considerando-se: internações por ano, sexo, faixa etária e cor/raça, entre janeiro de 2015 e dezembro de 2024. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Registraram-se 15.076 internações por malária no Brasil. A região Norte concentrou 81,9% das internações (12.348), seguida do Centro-Oeste (1.009; 6,7%), Nordeste (734; 4,9%), Sudeste (695; 4,6%) e Sul (290; 1,9%). O sexo masculino apresentou maior frequência (56,1%), refletindo maior exposição ocupacional em pesca, agricultura e mineração. Em relação à faixa etária, a maioria ocorreu entre 20 e 39 anos (40,4%), especialmente no grupo de 20 a 29 anos (22,9%). Em seguida, os indivíduos de 30 a 39 anos (16,3%), enquanto as crianças menores de 1 ano representaram 3,5% dos casos e idosos com 80 anos ou mais corresponderam a 1,0% das internações. Em relação à cor/raça, predominou a população parda (77,4%), seguida de indígenas (8,5%), brancos (7,9%), amarelos (3,5%) e pretos (2,7%). No recorte temporal, verificou-se maior concentração de internações entre 2015 e 2019, com picos em 2017 (1.526) e 2018 (1.588). Houve declínio em 2020 (1.106), seguido de discreta elevação em 2022 (1.657) e novo aumento em 2023 (2.078). A análise temporal mostrou tendência de redução de internações após 2018, com queda acentuada em 2020, possivelmente relacionada à pandemia de COVID-19, que afetou a transmissão e a notificação. O aumento em 2022 e 2023 pode estar associado à retomada das atividades econômicas, intensificação de deslocamentos populacionais e fragilidades nas ações de controle vetorial. CONCLUSÕES: A malária segue concentrada na Região Norte, acometendo principalmente homens jovens adultos pardos, em idade produtiva. Tais evidências reforçam a urgência do fortalecimento da vigilância epidemiológica, da ampliação da Atenção Primária e da capacitação profissional, além da articulação intersetorial voltada à prevenção e ao diagnóstico precoce. Estratégias integradas e contextualizadas ao cenário amazônico são fundamentais para reduzir a morbimortalidade e avançar no controle da malária no Brasil.
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Referências
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