DESFECHOS NEGATIVOS NO TRABALHO DE PARTO: ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA ENTRE 2018 E 2023 NA REGIÃO NORDESTE
Palavras-chave:
Puerpério, Morte Fetal, Morte Materna, Trabalho de PartoResumo
INTRODUÇÃO: O trabalho de parto é um momento em que mãe e feto são monitorados continuamente para avaliação do bem-estar. Ainda assim, podem ocorrer desfechos negativos, como óbitos maternos e fetais, que representam um importante desafio para a saúde pública. Esses eventos, de alta gravidade e manejo complexo, demandam vigilância permanente e a adoção de estratégias eficazes de prevenção e intervenção. OBJETIVO: Analisar a ocorrência de desfechos negativos relacionados ao trabalho de parto na região Nordeste do Brasil. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo ecológico, descritivo de abordagem quantitativa. Os dados foram obtidos a partir do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde do Brasil (DATASUS). Foram incluídas informações referentes ao período de 2018 a 2023, restritas à região Nordeste do Brasil. Na categoria Lista de Morbidade CID-10, foram selecionados os registros de óbitos maternos, considerando as variáveis: faixa etária, cor/raça, ocorrência durante gravidez ou puerpério e capítulo da CID-10. Para óbitos fetais, foram consideradas as variáveis: idade materna, tipo de parto, duração da gestação e capítulo da CID-10. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Foram registrados 3.346 óbitos maternos na região Nordeste, com maior ocorrência na Bahia (761), e menor em Sergipe (129). A faixa etária mais prevalente foi de 30 a 39 anos, a 236,5 vezes superior em relação à faixa de 50 a 59 anos. Quanto à cor/raça, predominou o óbitos entre mulheres pardas (68,75%), seguida por brancas (16,12%), pretas (10,70%), indígenas (3,23%) e amarelas (0,30%), com 3,23% ignoradas. Em relação ao período de gestação, a maioria dos óbitos ocorreu no puerpério até 42 dias (1.884 casos). Além disso, o Capítulo XV da CID-10 (Gravidez, parto e puerpério), é responsável por 3.335 casos. Entre os 56.111 óbitos fetais na região analisada, a Bahia registrou 16.150 casos, enquanto Sergipe 2.224. A faixa etária materna de maior ocorrência foi de 20 a 24 anos (11.690 registros), 20,2% superior à faixa etária de 60 a 64 anos. O parto vaginal representou 68,4% dos óbitos, na sequência o cesariano 28,6% e os ignorados, que contaram 2,9%. A duração da gestação mais associada às mortes foi entre 32 e 36 semanas (13.872), cerca de 54 vezes maior que em gestações com 42 semanas ou mais (257). Por fim, o Capítulo XVI da CID-10 (Afecções originadas no período perinatal), registrou 52.531 casos no período analisado. CONCLUSÃO: Os resultados deste estudo evidenciam elevados índices de óbitos maternos e fetais no Nordeste entre 2018 e 2023, com maiores registros na Bahia e menores em Sergipe, em consonância com o porte populacional. Os óbitos maternos ocorreram sobretudo entre mulheres de 30 a 39 anos, pardas e no puerpério. Enquanto os óbitos fetais foram predominantes na faixa etária materna entre 20 e 24 anos, associados a partos vaginais e gestação relacionada à morte de 32 a 36 semanas.
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Referências
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